Maturidade no Uso das Redes Sociais: Entre a Liberdade de Expressão e a Responsabilidade Colectiva

Pe. Domingos G. de Araújo. (Foto: Supply)

Se uma notícia não tem fontes confiáveis, se não está devidamente contextualizada, ou se apenas serve para alimentar o medo ou a polémica, então não deve merecer destaque.

Vivemos numa era em que as redes sociais se tornaram o principal palco de comunicação pública. Qualquer pessoa pode, em segundos, partilhar opiniões, comentar acontecimentos ou divulgar informações a uma audiência vasta e diversificada. Esta liberdade representa, simultaneamente, uma oportunidade e um risco. Infelizmente, nem todos os utilizadores possuem a maturidade ou as ferramentas necessárias para filtrar criticamente os conteúdos que consomem ou partilham. Como resultado, informações falsas, não verificadas ou meramente sensacionalistas tendem a espalhar-se com facilidade, criando confusão e, por vezes, gerando alarme social.

Torna-se, por isso, essencial promover uma utilização mais responsável e madura das redes sociais. Esta maturidade não se resume ao domínio técnico das plataformas digitais, mas implica uma consciência ética e social. Nem toda a informação é relevante para o espaço público. Nem todas as opiniões precisam de ser amplificadas, sobretudo quando assentam em rumores, incentivam o ódio ou contribuem para a desinformação generalizada.

Neste cenário, o Estado — através do Ministério da Comunicação — deve assumir um papel regulador firme mas equilibrado. A regulação da comunicação digital não deve ser entendida como uma ameaça à liberdade de expressão, mas antes como uma salvaguarda do bem comum. A tarefa do Estado não é silenciar vozes, mas criar condições para que a liberdade de expressão possa coexistir com a verdade, a responsabilidade e o respeito pelos direitos dos outros.

Um dos grandes desafios da actualidade é discernir entre informação credível e conteúdo puramente sensacionalista. Aqui, os meios de comunicação social desempenham um papel crucial. A verificação rigorosa dos factos deve ser um princípio inegociável. Não se pode ceder à tentação, nem amplificar narrativas que, apesar de populares, carecem de fundamento. Se uma notícia não tem fontes confiáveis, se não está devidamente contextualizada, ou se apenas serve para alimentar o medo ou a polémica, então não deve merecer destaque. A sociedade precisa de informação útil, formativa e esclarecedora — não de ruído.

Paralelamente, é urgente reforçar a educação para a literacia digital. Os cidadãos devem ser preparados para reconhecer notícias falsas, identificar manipulações e desenvolver uma postura crítica e responsável perante o conteúdo que consomem e divulgam. A maturidade digital constrói-se com pensamento crítico, empatia e um profundo sentido de cidadania.

Assim, é fundamental que façamos das redes sociais um espaço de construção cívica e não de destruição social. Um espaço onde se promovem valores, se partilham ideias construtivas e se reforça o sentido de comunidade. Cabe ao Estado, aos meios de comunicação e à sociedade civil colaborar ativamente para manter este espaço público digital saudável, seguro e ao serviço da verdade. Só assim poderemos usufruir, de forma plena, da liberdade de expressão que tanto prezamos.

(Pe. Domingos G. de Araújo)

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